Carta escrita por ‘espírito’ pode ser usada para defender acusada de assassinato
Defesa da ‘Loira do Motel’ poderá usar carta psicografada.
Julgamento de Verônica Verone, acusada
de matar o namorado num motel em Niterói, pode mudar de rumo. Defesa
teria juntado ao processo uma carta psicografada
Uma carta psicografada pode mudar os
rumos do julgamento da estudante Verônica Verone, acusada de matar o
namorado, Fábio Gabriel Rodrigues Barbosa, de 33 anos, numa suíte de
motel, em Niterói. O documento teria sido juntado ao processo de
homicídio triplamente qualificado, que tramita na 3ª Vara Criminal de
Niterói. O advogado de defesa da estudante, Rodolfo Thompson, não
confirmou a existência da psicografia, nem tampouco quis revelar as
estratégias da defesa, mas afirmou que há casos em que réus foram
absolvidos diante de tal fenômeno mediúnico. O julgamento de Verônica,
que ficou conhecida como a “loura do motel”, será realizado na
quinta-feira, dia 24 de novembro, às 13h, no plenário do Tribunal do
Júri de Niterói e será presidido pelo juiz titular da 3ª Vara Criminal
de Niterói, Peterson Barroso Simão, que também preside o caso sobre o
assassinato da juíza Patrícia Acioli.
Verônica Verone será submetida a júri
popular, que será sorteado pouco antes do julgamento. Há cerca de seis
meses, 30 pessoas foram escolhidas para fazer parte do júri. No entanto,
apenas sete pessoas deste grupo serão sorteadas e efetivamente irão
sentar no banco de jurados. O júri popular deverá ser convencido pela
defesa e pela acusação sobre a inocência ou culpa da estudante, que é
acusada por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio
cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima).
A expectativa é de que a sentença de
Verônica Verone seja proferida por volta das 19h, ou seja, após seis
horas de duração. Durante o julgamento, serão ouvidas as testemunhas de
acusação, de defesa e o interrogatório da acusada pelo crime. Após,
poderá ser realizada uma réplica por parte do promotor de Justiça, que
representa o Ministério Público e a tréplica realizada pela defesa de
Verônica. Depois desta etapa, os sete jurados, o juiz, o promotor de
Justiça e oficiais de Justiça se reúnem na sala secreta, onde os jurados
votam secretamente sobre a inocência ou culpa da ré. Por fim, o juiz
manifesta a decisão do júri popular e no caso de ser considerada
culpada, profere a sentença condenatória.
Durante a Audiência de Instrução e
Julgamento (AIJ), que aconteceu em setembro, a defesa de Vêronica alegou
que ela não poderia responder pelos seus atos e, portanto, seria
inimputável, por sofrer de problemas mentais. Porém, o juiz não aceitou
a tese. De acordo com ele, o exame mental da acusada apontou que a
jovem era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato. Em
denúncia, o Ministério Público acusava a jovem por ocultação de cadáver,
porém, o magistrado descartou a denúncia e ela responderá por homicídio
triplamente qualificado.
O caso – Verônica Verone é acusada pela
Justiça de matar Fábio Gabriel Rodrigues Barbosa, de 33 anos, num motel
em Niterói, em 14 de maio deste ano. Os dois mantinham um caso há 16
meses. O corpo de Fábio teria sido encontrado por funcionários do
estabelecimento, caído na garagem de acesso à suíte 143. Ele teria sido
dopado e enforcado. Seu corpo foi arrastado até a garagem.
Segundo a polícia, a jovem teria
premeditado e praticado o crime sozinha, já que meses antes Verônica
teria tentado comprar uma arma. De acordo com amigos da vítima, Fábio
teria namorado Verônica, mas não tinha a intenção de continuar a
relação. No dia do assassinato, no entanto, amigos da vítima disseram
que a estudante teria insistido no encontro com Fábio para que pudessem
conversar. Ele teria ido ao local para saber do que se tratava.
Casos solucionados
lEm 2006, Iara Marques Barcelos, acusada
de ser a mandante do assassinato do tabelião Ercy da Silva Cardoso, que
morreu depois de ser atingido por disparos de arma de fogo, foi
absolvida depois que uma carta psicografada foi apresentada como prova
de defesa. A carta teria sido ditada pelo próprio Ercy e não indica quem
seria o autor dos disparos, mas daria a entender que Iara era inocente.
O crime aconteceu em Porto Alegre. A
acusação do caso pediu um novo julgamento, porém, a 1ª Câmara Criminal
do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu não haver motivos
para que fosse determinado novo julgamento. A partir de então, cartas
escritas por médiuns podem ser adotadas como prova no Tribunal de
Justiça gaúcho.
O caso mais famoso no qual um réu foi
absolvido através de uma carta psicografada aconteceu em maio de 1976.
José Divino Nunes foi acusado de matar o melhor amigo Maurício Garcês
Correa e durante sua defesa foi apresentada uma psicografia feita pelo
médium Chico Xavier.
Na carta, daquele que era considerado o
maior médium do Brasil, Maurício afirma que o amigo não teria qualquer
culpa em sua morte, já que ambos estariam brincando com a arma de fogo
quando houve o disparo acidental. A psicografia foi aceita como prova
pelo juiz da comarca de Goiânia, em Goiás, depois que o laudo do exame
grafotécnico apontou que a assinatura da carta seria mesmo de Maurício.
José Divino Nunes foi inocentado.
Fonte: O Fluminense
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